A Pele que Habito
- Paulo Leite

- 12 de set.
- 1 min de leitura

No silêncio de um quarto cirúrgico, um bisturi corta a pele como se fosse tinta sobre papel. É nesse cenário frio e controlado que Pedro Almodóvar constrói uma história de dor e obsessão. A pele, que deveria proteger, aqui se transforma em prisão.
O filme mostra Robert Ledgard (Antonio Banderas), um cirurgião plástico que perde a esposa em um acidente e decide criar uma pele artificial indestrutível. Ele usa Vera (Elena Anaya) como cobaia em um experimento sombrio. O mistério sobre quem ela é e o que aconteceu antes faz a trama ganhar força e prender a atenção até o fim.
A direção é precisa: cada cor, cada detalhe do cenário tem um sentido. A fotografia alterna entre ambientes brancos, frios e de laboratório, e espaços coloridos, típicos de Almodóvar, criando um contraste forte. A música reforça a tensão e deixa o clima ainda mais pesado.
As atuações são intensas. Antonio Banderas mostra um personagem que mistura calma e crueldade. Elena Anaya é delicada e forte ao mesmo tempo, e sua presença deixa o espectador dividido entre compaixão e estranhamento.
A Pele que Habito é um suspense de terror psicológico. É perturbador, mas também fascinante, porque levanta questões sobre identidade, corpo e até onde pode ir a obsessão humana.
Se você gosta de filmes que desafiam, que causam desconforto e ao mesmo tempo fascínio, este é daqueles que ficam na memória por muito tempo.



