Sicário: Terra de Ninguém
- Paulo Leite

- 9 de set.
- 1 min de leitura

O portão de aço se abre e a claridade do deserto invade a tela. Ali, entre a poeira e o silêncio sufocante, começa uma descida a um mundo sem fronteiras morais, onde cada tiro ecoa como sentença e cada sombra carrega uma ameaça invisível. É nesse terreno seco e brutal que Denis Villeneuve nos lança, sem avisos e sem escapatória.
A história acompanha Kate Macer (Emily Blunt), uma agente do FBI que entra em uma operação contra cartéis de drogas na fronteira entre Estados Unidos e México. O que parecia ser apenas mais uma missão transforma-se em um labirinto de cinismo e violência, onde a linha entre justiça e vingança se desfaz. Villeneuve dirige tudo com precisão cirúrgica, criando tensão em cada gesto e diálogo.
A fotografia de Roger Deakins é um espetáculo à parte: contrastes fortes, luz quase espiritual no meio da escuridão moral e planos aéreos que tornam o deserto uma paisagem de guerra. A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson, grave e pulsante, funciona como batimento cardíaco da narrativa, deixando o espectador em alerta constante.
O filme não entrega respostas fáceis. Pelo contrário, deixa o público desconfortável, questionando quem são os verdadeiros inimigos. É um thriller policial sombrio, que mistura ação com uma reflexão dura sobre poder e corrupção.
Assistir Sicário é aceitar um convite para caminhar em terreno perigoso. Não é um filme de ação comum; é uma experiência que prende e incomoda, e justamente por isso merece ser vista. Quem entra nesse universo dificilmente sai ileso.



