Os Miseráveis
- Paulo Leite

- 10 de set.
- 2 min de leitura

Você já parou para pensar até onde alguém pode ir em busca de perdão e de uma segunda chance? Os Miseráveis, de Tom Hooper, coloca essa pergunta no centro da tela, transformando a jornada de Jean Valjean em algo muito maior que uma simples história de época: é um retrato da luta de qualquer ser humano por dignidade. Hugh Jackman vive esse personagem com intensidade, mostrando no rosto e na voz o peso da culpa e a força da esperança. Ao seu lado, Anne Hathaway, em poucos minutos de tela como Fantine, entrega uma das atuações mais marcantes do cinema recente, fazendo da dor da personagem um grito universal de injustiça e fragilidade.
A direção de Hooper aposta em planos fechados, que trazem o espectador para dentro do drama, quase como se estivéssemos diante de um palco íntimo. Isso pode surpreender quem espera grandes panoramas típicos de musicais, mas aqui a escolha é clara: o foco não está no cenário, mas na alma dos personagens. E ainda assim, a estética é rica, com figurinos que traduzem a pobreza e a opulência da época, cenários que alternam ruínas e grandiosidade, e uma fotografia que reforça os tons sombrios de uma França em crise. A música, gravada ao vivo, é a espinha dorsal do filme: ela não apenas embala as cenas, mas também traduz sentimentos que as palavras sozinhas não alcançariam.
Esse não é um musical para entreter com leveza. Ele é feito para ser sentido, para provocar e fazer refletir sobre a desigualdade, a justiça e a esperança. Alguns podem achar o ritmo pesado, já que a narrativa é toda cantada, mas esse é justamente o recurso que dá autenticidade à obra, como se cada emoção dos personagens precisasse ser cantada para ter a força necessária.
Os Miseráveis é para quem gosta de histórias profundas, que unem drama humano e espetáculo visual. Se você busca uma experiência intensa, que mistura lágrimas, música e uma reflexão sobre a vida, essa é uma obra que merece entrar na sua lista.



