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Duas Rainhas

  • Foto do escritor: Paulo Leite
    Paulo Leite
  • 28 de jul.
  • 4 min de leitura

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Quantas vezes nos pegamos imaginando os bastidores de grandes histórias, aquelas que moldaram o mundo que conhecemos? "Duas Rainhas", dirigido pela sensível Josie Rourke, nos convida a mergulhar em um desses contos épicos, nos levando para o coração de um dos confrontos mais fascinantes da história britânica: o embate entre Mary Stuart, Rainha da Escócia, e Elizabeth I, Rainha da Inglaterra. Mesmo que você não seja um especialista em história ou cinema, esta crítica foi feita para te guiar por essa jornada real de um jeito acolhedor e instigante.


O que torna "Duas Rainhas" tão especial é a forma como Josie Rourke nos conta essa história. Ela não apenas narra fatos, mas nos faz sentir a grandiosidade e, ao mesmo tempo, a fragilidade de suas protagonistas. A direção de Rourke é como um convite para entrar no cenário, para vivenciar cada olhar, cada tensão e cada instante de esperança e desespero. Ela usa a câmera de um jeito que nos aproxima dos personagens, nos fazendo cúmplices de seus dilemas. É uma direção que prioriza a emoção, permitindo que a história se desdobre de forma natural, quase como se estivéssemos espiando através das cortinas da realeza.


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E por falar em emoção, a atuação de Saoirse Ronan como Mary e Margot Robbie como Elizabeth é um espetáculo à parte. Elas não apenas interpretam as rainhas; elas se tornam as rainhas. Saoirse Ronan nos apresenta uma Mary Stuart vibrante e cheia de paixão, uma mulher que, apesar de sua força e sua posição, anseia por amor e reconhecimento, lutando para manter sua autonomia em um mundo dominado por homens. Já Margot Robbie entrega uma Elizabeth I com muitas camadas, calculista e estrategista, mas também visivelmente assombrada pela solidão e pelos sacrifícios que a coroa exige. A forma como elas mostram a rivalidade e, em certos momentos, uma estranha irmandade, é clara e nos conecta profundamente com suas jornadas pessoais, tornando humanas figuras que muitas vezes vemos apenas nos livros de história. É impossível não torcer por elas, mesmo sabendo o que vai acontecer.


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Visualmente, o filme é um deleite para os olhos. A estética de "Duas Rainhas" é rica e vibrante, nos transportando diretamente para o século XVI. As cores são cuidadosamente escolhidas, variando entre os tons frios e imponentes da corte inglesa e os tons mais quentes e terrosos da Escócia. Os figurinos são de tirar o fôlego, não apenas pela beleza e riqueza de detalhes, mas por como contribuem para a história, mostrando o poder, a fragilidade e a evolução de cada rainha. Os cenários e a fotografia criam uma atmosfera que nos faz sentir presentes, permitindo-nos sentir a riqueza dos palácios e a aspereza das paisagens. Tudo isso se une para construir um universo visual que não é apenas bonito, mas que fala por si só, ampliando a experiência de quem assiste.


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A trilha sonora, embora talvez não seja o ponto mais chamativo do filme, é um elemento sutil e eficaz. Ela cria um fundo sonoro que eleva as cenas de tensão, acentua os momentos de melancolia e celebra as pequenas vitórias, sempre servindo à história e aos sentimentos dos personagens, sem nunca roubar a atenção principal. É o tipo de música que se integra tão bem à narrativa que você a sente, mesmo que não a note conscientemente.


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O ponto principal de "Duas Rainhas" vai muito além de uma simples disputa por tronos. O filme nos convida a refletir sobre o preço do poder, os sacrifícios pessoais que a liderança exige, e a complexidade das relações femininas em um mundo dominado por homens. Ele questiona o que significa ser uma mulher poderosa em um tempo onde ser mulher já era um desafio. Rourke explora a rivalidade, mas também a admiração e a tragédia que se interligam nas vidas dessas duas mulheres que, apesar de tudo, estavam presas às expectativas e aos jogos políticos de seus reinos. O filme é uma jornada sobre escolhas, destinos e a constante luta pela própria voz.


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Alguns podem talvez estranhar o ritmo mais calmo em certos momentos ou a forma como algumas reviravoltas históricas são tratadas. No entanto, é importante entender que a intenção da diretora não é fazer um documentário, mas sim uma interpretação artística que prioriza a profundidade emocional e a jornada pessoal das rainhas. Cada escolha, desde a imagem até a edição, serve para intensificar a experiência de quem assiste e para nos fazer sentir a pressão e a grandiosidade de suas vidas. A forma como o filme mostra a vida íntima e os medos de Mary e Elizabeth, por exemplo, não diminui sua importância histórica, mas as eleva a figuras trágicas e profundamente humanas.


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Para quem é este filme? "Duas Rainhas" é uma excelente pedida para quem aprecia um bom drama histórico, especialmente aqueles que gostam de explorar os detalhes do poder e as complexidades dos relacionamentos humanos. Se você se encantou com filmes como "A Favorita" ou séries como "The Crown", e tem interesse em histórias sobre mulheres fortes que desafiaram as regras de seu tempo, este filme é para você. Ele não é um filme de aventura com ação sem parar, mas um drama que se desenrola no campo das emoções e das estratégias políticas, com uma profundidade que cativa e intriga. Deixe-se levar por essa viagem no tempo e descubra a fascinante história dessas duas rainhas.


Tela Cheia. Descubra boas histórias. 2025 por Paulo Leite

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