Adeus, Lênin!
- Paulo Leite

- 4 de nov.
- 2 min de leitura

A cor marrom e bege dos potes de picles do Spreewald é mais do que um detalhe. É o símbolo de um mundo que desapareceu de um dia para o outro. Quando a Sra. Kerner, uma mãe socialista fervorosa, acorda de um coma, o Muro de Berlim caiu, e a República Democrática Alemã (RDA) virou história. Para proteger o coração fraco dela de um choque fatal, seu filho, Alex, tem uma missão: recriar o passado dentro do apartamento. Esse plano louco é o ponto de partida de uma história cheia de carinho, risadas e um toque de melancolia.
O coração deste filme é o amor de um filho que faria de tudo para proteger sua mãe. A história, centrada nessa mentira bem-intencionada, nos leva a uma corrida divertida contra o tempo, onde Alex precisa esconder o capitalismo que chega com tudo: desde as embalagens de Coca-Cola até os novos carros ocidentais. Ele e seu amigo, Denis, criam jornais falsos e noticiários de TV caseiros, reescrevendo a história do país de um jeito hilário.
O diretor equilibra o humor da situação com a tristeza da mudança. A maneira como ele mostra os pequenos detalhes do dia a dia na antiga Alemanha Oriental, com seus uniformes e marcas de produtos, é muito eficaz. A sensação de nostalgia e de perda é constante, mesmo nas cenas mais engraçadas. A música, delicada e um pouco mágica, acompanha a jornada de Alex e intensifica a doçura dos seus gestos de amor. É um filme que fala sobre família e sobre como é difícil aceitar que a vida muda, mesmo quando a mudança é enorme.
Adeus, Lênin! é uma Comédia Dramática Histórica que vai te fazer rir e chorar na mesma medida, com um olhar humano e inteligente sobre um momento histórico importante. É uma prova de que a lealdade e a imaginação podem ser as forças mais poderosas para manter um mundo, mesmo que ele exista apenas em um pequeno quarto.



