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Sob a Pele

  • Foto do escritor: Paulo Leite
    Paulo Leite
  • há 15 minutos
  • 2 min de leitura

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Uma van branca anda por lugares frios e molhados da Escócia. Dentro dela, está alguém que parece gente, mas se move de um jeito estranho e calmo, vestida de um jeito normal, para não chamar a atenção. Essa não é só a história de uma alienígena caçando homens, mas um espelho que mostra como as pessoas são frias e cruéis.


Esse não é um filme comum, é uma viagem para os seus sentidos. A história é bem simples e quase não tem falas: a criatura, Scarlett Johansson, muito discreta, atrai homens para um lugar escuro e molhado, onde eles somem. Mas a maior parte do tempo, o filme mostra o dia a dia de Laura, a alienígena, e como ela começa a olhar e a entender o mundo das pessoas.


O que é realmente forte é o jeito que o filme foi feito. A câmera filma a Escócia de um jeito natural, muitas vezes escuro, fazendo do lugar um personagem frio. As cores são apagadas, dando a impressão de um documentário, o que contrasta muito com as cenas de dentro, onde um preto bem fundo e o silêncio engolem tudo. E o som não segue a cena, ele a cria, com batidas eletrônicas estranhas e viciantes que parecem o barulho do nada, a respiração de um bicho que vai atacar. É a mistura desse som e imagem que deixa a gente o tempo todo desconfortável e curioso.


O filme é uma ficção científica que faz você sentir uma estranheza grande. Conforme Laura para de caçar e começa a observar, a curiosidade e o medo do que ela vê nos humanos a fazem ter um pequeno e triste despertar de sentimentos, uma tentativa de se conectar que acaba de um jeito muito cruel.


Se você gosta de filmes com começo, meio e fim claros, e que dão todas as respostas, este não é para você. Mas se você topa ver um filme que usa uma ideia de outro planeta para falar sobre se sentir sozinho, sobre sexo e o que significa ter um corpo e, mais ainda, ter sentimentos, se prepare para algo que você não vai esquecer. É um filme que não quer só que você assista, ele quer que você sinta o quanto é frágil e assustador estar vivo.

Tela Cheia. Descubra boas histórias. 2025 por Paulo Leite

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