Especial Chefs
- Paulo Leite
- 20 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de set.

Entre aromas que quase escapam da tela e pratos que parecem feitos para serem saboreados com os olhos, o cinema também tem o poder de abrir o apetite. Três filmes, Chef, Pegando Fogo e Sabores do Palácio, revelam que cozinhar vai além da cozinha: é recomeço, é batalha, é memória. Cada obra tempera sua narrativa com ingredientes únicos e nos convida a degustar histórias que aquecem, desafiam e emocionam. Um verdadeiro banquete cinematográfico para quem ama comida e boas histórias.

Chef (Jon Favreau)
A primeira mordida no sanduíche cubano de Carl Casper é quase um manifesto: crocante por fora, cheio de vida por dentro. Esse prato resume o espírito de Chef, um filme que respira leveza e paixão pela cozinha. Favreau cria uma narrativa saborosa, equilibrando humor, ternura e um olhar sobre a reinvenção pessoal. A câmera passeia pela comida como se fosse personagem, deixando o espectador quase sentir o cheiro. O filme é uma comédia dramática, com um tempero generoso de road movie. É impossível terminar sem fome... de comida e de novos recomeços.

Pegando Fogo (John Wells)
O olhar fixo de Adam Jones diante de um prato impecável diz muito mais do que palavras: perfeição ou nada. Pegando Fogo mergulha na pressão implacável da alta gastronomia, onde cada prato é um campo de batalha. Bradley Cooper encarna com intensidade um chef marcado por erros, buscando redenção através da cozinha. O ritmo frenético, a paleta de cores frias e os diálogos afiados traduzem a atmosfera sufocante das cozinhas estreladas. Esse é um drama intenso, que mostra que cozinhar pode ser tão brutal quanto qualquer ringue.

Sabores do Palácio (Christian Vincent)
O vapor que escapa das panelas de Hortense Laborie nos corredores do Palácio do Eliseu é como um sopro de humanidade em meio ao rigor do poder. Inspirado em fatos reais, Sabores do Palácio combina delicadeza e ironia, explorando a relação entre tradição e política. Catherine Frot interpreta com graça uma chef que leva autenticidade para dentro da formalidade do governo francês. O contraste entre a pompa dos banquetes oficiais e a simplicidade das receitas do interior revela o poder da comida como memória e afeto. É um drama leve com toques de comédia, capaz de deixar o público sorrindo.
Três filmes, três sabores diferentes, mas uma mesma sensação: cozinhar, no cinema, é também um ato de contar histórias. Cada um, à sua maneira, deixa claro que a cozinha é palco de crises, recomeços e afetos. Vale a pena experimentar todos... de preferência, sem fome, porque a vontade de provar o que aparece na tela é inevitável.