Moonrise Kingdom
- Paulo Leite

- 8 de set.
- 2 min de leitura

O binóculo rosa de Suzy aponta para o horizonte, mas parece enxergar muito além da paisagem: é a lente da fuga, da imaginação e da descoberta. Esse simples objeto traduz todo o espírito de Moonrise Kingdom, onde dois jovens decidem abandonar o mundo que os sufoca para inventar um lugar próprio, cheio de inocência, coragem e amor precoce.
A história acompanha Sam e Suzy, duas crianças que fogem para viver uma aventura na ilha fictícia de New Penzance. O enredo mistura leveza e melancolia, trazendo um olhar doce sobre o crescimento e o desejo de pertencimento. Wes Anderson constrói esse universo com sua assinatura: planos simétricos, paleta de cores vibrante e um humor delicado que contrasta com a seriedade dos adultos.
A direção é precisa, quase como um livro ilustrado que ganha vida. Cada cena parece uma pintura cuidadosamente arranjada, o que dá ao filme um charme inconfundível. A fotografia ressalta tons pastéis e a natureza bucólica da ilha, criando uma atmosfera nostálgica. A trilha sonora, com músicas clássicas e composições de Alexandre Desplat, funciona como parte da narrativa, pontuando a ingenuidade e a intensidade dos personagens.
O maior valor do filme está na forma como trata a juventude: não como uma fase menor, mas como um território real, com sentimentos profundos e escolhas radicais. É um drama com toques de comédia, embalado por fantasia e poesia visual.
Moonrise Kingdom é um daqueles filmes que encantam tanto pelo que mostram quanto pelo que sugerem. Quem se deixar levar pela história de Sam e Suzy encontrará não apenas uma aventura juvenil, mas também um retrato delicado da solidão e da necessidade de ser compreendido. Vale assistir, de preferência de coração aberto, para redescobrir a força dos primeiros sentimentos.



