Filomena
- Paulo Leite
- há 2 dias
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Sabe aqueles filmes que, de repente, tocam a gente de um jeito inesperado e ficam com a gente por um tempo? Filomena, dirigido pelo mestre Stephen Frears, é exatamente assim. Mais do que uma história sobre uma busca, é um convite a sentir, a refletir sobre a fé, o perdão e a incansável busca por respostas.
A trama nos apresenta a Filomena Lee, vivida com uma sensibilidade tocante por Judi Dench. Ela é uma mulher irlandesa, simples, carismática e, acima de tudo, com uma fé inabalável. Sua jornada começa quando ela revela que foi forçada a dar seu filho para adoção décadas atrás, quando era uma jovem solteira em um convento católico. Ao lado dela, embarcamos nessa odisseia, não só geográfica, mas também emocional. E é aqui que entra Steve Coogan, interpretando o jornalista Martin Sixsmith. Ele é cético, intelectual e, a princípio, bastante distante dessa realidade de Filomena. A genialidade do filme está justamente na forma como esses dois mundos colidem e se transformam, mostrando a beleza das conexões humanas. A atuação de Dench é um espetáculo à parte, com cada olhar e cada silêncio transmitindo uma profundidade que nos faz sentir a dor e a esperança de Filomena.

Stephen Frears, na direção, tem uma forma muito diferente de nos guiar por essa história. Ele usa a câmera de um jeito quase íntimo, nos colocando ao lado de Filomena e Martin, observando suas reações e a evolução dessa interação entre os dois. Não há firulas visuais excessivas; a fotografia, muitas vezes sóbria, realça a realidade dos ambientes e a autenticidade dos personagens. É como se Frears nos dissesse: "Preste atenção nos detalhes, na humanidade que pulsa aqui". Ele nos faz sentir a burocracia, a frieza dos arquivos e, ao mesmo tempo, o calor de uma lembrança ou a dor de uma revelação.

O que mais chama a atenção na estética de Filomena é a ausência de excessos. Os figurinos são simples, os cenários são realistas, e as cores, em sua maioria, remetem à Irlanda e à atmosfera mais contida dos conventos. Tudo isso contribui para que a história, por si só tão potente, seja o centro das atenção, sem distrações. A trilha sonora, discreta, pontua os momentos de emoção sem roubar a cena, adicionando uma camada extra de melancolia e esperança.

A proposta central de Filomena vai muito além de uma simples busca por um filho. É um filme sobre a capacidade de perdoar, mesmo diante da injustiça. É sobre a fé inabalável de uma mulher que, apesar de tudo, encontra consolo em suas crenças. E é, também, sobre como a empatia pode quebrar barreiras entre pessoas de mundos tão distintos, como Filomena e Martin. Frears não nos dá respostas fáceis, ele nos convida a questionar, a refletir sobre as instituições e sobre a complexidade da condição humana.

Filomena é um drama tocante, um filme que nos faz chorar e sorrir, e que, acima de tudo, nos faz pensar. É para quem busca uma história profunda e comovente, para quem se interessa por narrativas de superação, e para quem aprecia atuações marcantes. Prepare a pipoca, ajuste a tela cheia e mergulhe nessa jornada. Você não vai se arrepender!