Pokémon: Detetive Pikachu

O que acontece quando o universo da nossa infância ganha vida, não como um desenho animado, mas como uma cidade que poderíamos visitar? É essa a pergunta que Pokémon: Detetive Pikachu, dirigido por Rob Letterman, nos convida a responder. O filme nos leva para um mundo onde Pokémon e humanos dividem o mesmo espaço de uma forma tão real e palpável que é impossível não se sentir transportado para Ryme City.

O filme nos apresenta a Tim Goodman, um jovem que se mudou para Ryme City após a suposta morte de seu pai, o famoso detetive Harry Goodman. Interpretado por Justice Smith, o personagem de Tim é a nossa porta de entrada para essa aventura. Sua atuação, cheia de detalhes, nos permite sentir a dor do luto, a distância que ele sente do pai e sua aversão aos Pokémon, mesmo sendo um dos maiores símbolos do universo em que vive. O ator nos leva a sentir a jornada de Tim, um jovem que está mais perdido do que parece, e que encontra no Detetive Pikachu (com a voz de Ryan Reynolds) uma parceria inesperada. A escolha de Ryan Reynolds para dar voz ao Pikachu foi, sem dúvida, um dos maiores acertos do filme. A voz rouca e a personalidade engraçada do ator dão uma nova camada ao Pikachu. Ele não é apenas um companheiro fofo, mas um personagem com profundidade, mistério e uma sintonia incrível com Tim. A relação entre os dois é o coração do filme, e é através dela que vemos a história se desenvolver, com a atuação dos dois atores se complementando de forma brilhante.

A direção de Rob Letterman é um show à parte. Ele usa a câmera como um pincel, pintando um mundo em que Pokémon e humanos vivem lado a lado de forma natural. A cidade de Ryme City, por exemplo, não é apenas um lugar, mas um personagem vivo. As ruas, o transporte e até a interação entre os humanos e os Pokémon são construídos com tanto cuidado que o espectador se sente parte daquele lugar. As cenas de ação são fluidas e cheias de movimento, mas o diretor sabe que o verdadeiro impacto está nas cenas mais calmas, na troca de olhares entre Tim e Pikachu. A fotografia e a estética do filme merecem um destaque especial. As cores são vibrantes e cheias de vida, mas ao mesmo tempo, existe um tom de filme de detetive que nos faz sentir que estamos em uma história séria. Os Pokémon são realistas, com texturas e movimentos que os fazem parecer reais, o que nos faz acreditar ainda mais nesse mundo. A trilha sonora, com suas batidas de jazz e seus arranjos de orquestra, reforça a atmosfera de mistério, misturando-se com a história e aprofundando o clima de aventura.

O ponto principal do filme não é apenas apresentar um mundo onde Pokémon existem, mas nos fazer refletir sobre a importância das conexões e sobre o luto. A história principal, sobre o desaparecimento do pai de Tim, é a cola que une todos os elementos do filme. A jornada para descobrir o que aconteceu com Harry é, na verdade, uma jornada de autoconhecimento e de cura para Tim. O filme nos mostra que, às vezes, a melhor maneira de encontrar o que perdemos é nos abrindo para o inesperado. Para aqueles que buscam apenas uma aventura de Pokémon, pode parecer que o filme se concentra demais nos sentimentos de Tim e na história de detetive, mas essa é justamente a intenção. O filme quer nos mostrar que o mundo de Pokémon pode ser mais do que batalhas e amizade, que pode ser um espelho para as nossas próprias dores e sentimentos, e que a verdadeira magia do universo Pokémon está na conexão que temos uns com os outros.

Em resumo, Pokémon: Detetive Pikachu é uma aventura familiar que surpreende pela sua profundidade emocional. É um filme para quem cresceu com Pokémon e quer ver seus personagens favoritos de uma nova forma, mas também para aqueles que nunca se aventuraram nesse universo e buscam uma história emocionante e bem construída.