O Poder
- Paulo Leite

- 25 de out.
- 1 min de leitura

Um estalo elétrico corta o silêncio, como se o próprio ar fosse testemunha de uma transformação. Em O Poder, cada faísca que surge das mãos femininas não é apenas uma habilidade sobrenatural: é o símbolo de uma revolução que muda para sempre a relação entre medo e domínio.
A série adapta com intensidade a ideia de Naomi Alderman e cria um mosaico de histórias que se cruzam ao redor do mundo. O que chama atenção é como a trama não se limita a mostrar mulheres ganhando um dom: ela expõe o que acontece quando as regras de poder são invertidas. É provocativo, por vezes desconfortável, mas sempre envolvente.
Visualmente, a série trabalha bem o contraste entre a fragilidade aparente das protagonistas e a violência da energia que carregam. Há uma tensão constante: ambientes cotidianos, escolas, casas, ruas, se transformam em palcos de medo e fascínio. A trilha sonora intensifica esse clima, oscilando entre o épico e o intimista, como se lembrasse que cada faísca é ao mesmo tempo ameaça e esperança.
É uma obra que mistura drama e ficção científica, mas acima de tudo é um espelho incômodo: o que faríamos se o equilíbrio de forças mudasse de lugar? O Poder não entrega respostas fáceis, mas deixa cada cena vibrar com essa pergunta.
Vale a pena assistir não só pela tensão da narrativa, mas pela maneira como provoca reflexão. Como espectador, senti que a série não busca apenas entreter, mas nos cutucar, e talvez seja exatamente esse incômodo que a torna necessária.



