Nosferatu
- Paulo Leite

- 7 de out.
- 1 min de leitura

A silhueta alongada do conde, recortada contra a parede, é talvez a imagem que melhor traduz o espírito do novo Nosferatu: um terror que não se esconde na escuridão, mas que se projeta como sombra inevitável sobre todos os personagens.
Robert Eggers recria o clássico de 1922 com a mesma obsessão por atmosfera que já havia mostrado em A Bruxa e O Farol. Aqui, a tensão cresce em ritmo lento, feita de silêncios, luzes duras e olhares que parecem carregar séculos de maldição. A estética lembra pinturas antigas, com cada quadro tratado como uma cena teatral, reforçando a sensação de estranhamento. O elenco dá peso à narrativa, equilibrando o grotesco do vampiro com a fragilidade humana dos que o cercam. A música, ora sussurrada, ora arrebatadora, completa a experiência como se fosse uma voz fantasmagórica conduzindo o espectador.
É um terror sombrio e elegante, mais voltado à sensação do que ao susto fácil. Eggers não entrega um filme para agradar a todos, mas cria uma obra que prende pela estranheza, pelo desconforto e pela beleza mórbida.
No fim, assistir a Nosferatu é como abrir um livro antigo e sentir o cheiro do mofo das páginas: incômodo, mas fascinante. Quem mergulhar nessa experiência encontrará um dos filmes de terror mais marcantes da atualidade, feito para ficar rondando a memória muito depois da sessão acabar.



